Era uma aldeia muito pobre, a vida dos seus poucos habitantes era miserável, duas ou três famílias mais abastadas, poucos eram os que se poderiam dizer homens de bem, praticamente lá não existiam, pois as vãs tentativas de se manter fiel a bons princípios eram vencidas pelos dissabores causados pelos outros habitantes.
Ali nada se plantando dava, a terra seca, infértil, pouquíssima era a água conseguida através de poços cavados com grande profundidade.
Parecia que ali tudo morria, até os bons sentimentos, a desesperança era geral, as poucas famílias mais abastadas, tinham o seu ganho através de roubos efetuados em outras aldeias, imperava a lei do mais forte.
Uma noite que parecia igual a qualquer outra, um menino e uma menina, irmãos, com idade beirando os dez anos, pequenos ainda, afastaram-se mais do que deviam das pequenas construções, casas em sua maioria feitas de sapé, cobertas com palhas.
Iam caminhando e não notaram a distância, quando de repente viram uma luz, vinha do céu, mais precisamente de um ponto no céu, o facho de luz era intenso.
Aquele ponto de luz, era um ser luminoso que viera ver de perto como os humanos ali se portavam e entrando em cada canto da aldeia, adentrou dentro da essência de cada habitante. O que viu, deixou-o penalizado e sem que percebe-se começou a chorar. De seus raios de luz começaram a cair seguidas gotas.
Quanta tristeza, ali o ser humano se brutalizará, perdera-se totalmente dentro da vaidade e egoísmo, os mais abastados humilhavam os pobres, estes por sua vez desprovidos de poder, maquinavam em suas mentes vinganças contra os mesmos, ou então descontavam em cima dos que menos que eles tinham.
A inocência das crianças eles matavam, os que tentaram semear amor, foram ridicularizados, os homens de fé tiveram suas bases abaladas pelo sofrimento deixando o rancor dominar, o pouco bem que encontrou não era bastante para dominar o mal.
Queria tanto ajudar, viera ali trazido pelas preces fervorosas de uma mãe, que vendo o filhinho definhar, lembrou-se de Deus, mas ali chegando percebera a energia negra que cobria todo lugar, para ajudar a mãezinha seria necessário ajudar àqueles pobres habitantes, que se entregavam ao cultivo de sentimentos inferiores, considerando que nada é o acaso, pôs-se a orar.
Orou fervorosamente ao Pai, pediu a intervenção do Mestre Jesus, queria deixar uma dádiva para aqueles infelizes, quem sabe algo que fizesse a fé germinar novamente e com ela viria os bons sentimentos, ajudaria a mãezinha, mas primeiro precisava ajudar toda aquela gente.
Com isso atraiu as duas crianças com sua luz, percebeu estar em seu choro a resposta de Deus, reduziu a sua luz e as crianças puderam vê-lo, um espírito iluminado, mas para as crianças apesar de não ter asas, era um anjo, e assim o chamaram.
Ele aproveitando-se da oportunidade, disse-lhes:
-Crianças, vão espalhem pela aldeia que aquele que plantar as sementes do amor, a felicidade alcançará, o caminho será longo, mas no amanhã haverá bem menos dor.
As crianças retrucaram:
-Anjo, ninguém vai acreditar na gente, e também não sabem qual é a semente do amor.
-Primeiramente a semente do amor é plantada através de bons atos, amando o seu próximo como a um irmão, voltando a obedecer aos ensinamentos de Cristo Nosso Senhor. Agora quanto a acreditarem isto é fácil, o Pai poderoso, permitirá que as minhas lágrimas se multipliquem e neste lugar árido e improdutivo terá um lindo lago, com abundância de água.
-Como anjo, só com suas lágrimas?
- Crianças, para Deus nada é impossível, já chorei muito e vou chorar ainda o resto da noite, pois pretendo aliviar a dor dos que tem o coração sangrando.
Nada se perde tudo é aproveitado em prol da humanidade, e minhas lágrimas servirão para tornar fértil o coração desta gente, e através destas águas está terra também passará a produzir.
Falando isso, voltou a brilhar de forma intensa, recolheu-se a um ponto no céu e continuou a chorar e orar.
Os meninos correram para casa, mal conseguiram dormir, logo cedo contaram aos pais o acontecido. O pai ralhando, já foi pegando a vara: Logo cedo, não acredito, vou cortá-los com a vara e sossegam o resto do dia. O pai levantou a mão, mas uma luz intensa cegou-lhe a visão. Deixando cair à vara, tentou fugir da luz, a esposa ajoelhou-se e disse: - É o tal anjo ajoelhe-se homem.
Tendo o pai ajoelhado e já pedindo perdão, a luz desapareceu.
Levantaram-se e foram indo para o local, já chamando todo a gente que no caminho encontravam.
O pai dos meninos, ainda duvidava, tinha medo que não houvesse lago, o que o poria em perigo, ele e a sua familia aquela gente não perdoaria.
Foi um alívio quando de longe vislumbraram o lago, todos caíram de joelhos e com a cara na terra agradeciam cada um de seu jeito.
Deram o nome do lago de Salvação, e os meninos falavam que em troca teriam que plantar as sementes do amor e lembrar-se de Jesus.
Aquele fato modificou totalmente a energia daquele povo, a esperança renasceu e com ela a alegria, aos poucos foram se modificando, agora os homens que haviam pregado o amor antes, voltaram a pregá-lo, só que agora todos paravam para ouvir.
A aldeia transformou-se, eram pobres, mas trazia uma boa dose de bons sentimentos, aqueles que persistiram no mal, acabaram tendo que sair da aldeia.
Um dia o ponto luminoso voltou, pairou por algumas horas, não chorou, sorriu, sabia que agora aquela gente estava no caminho da evolução, era certo que ainda tinham as sementes dos sentimentos negativos latentes em suas almas, mas estavam lutando contra eles, a semente do bem germinará.
A luz fizera-se presente e um dia eles sairiam totalmente vitoriosos de volta ao Pai.
Gilson Gomes
psicografado por Luconi
em 02-11-2009
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